Ocupar-se em dizer a verdade para que (?), se a verdade só existe na imaginação de quem vê? E, inocentemente, a gente se esquece disso.
Pedidos de desculpa, idem! Para quê? Embora pareça nobre, dependendo do ouvinte e da máscara com a qual ele se veste, isso pode ser a guarda aberta para o desferimento de um golpe que, acredite, pode vir de onde menos se espera e o resultado é anestesiante de tanta dor. Ato de humildade que nem sempre vale o sacrifício da cabeça baixa. Tudo isso porque o reconhecimento de um erro faz emergir atestado de vitimização para quem o ouve.
Honestidade numa hora dessas?! Que adianto traz? Tentar agir conforme o coração pede, além de jargão e piegas, fez o vizinho ser morto ou preso, se sobreviveu!
A alma lavada, a consciência tranquila, o espírito limpo, o corpo leve, a ética...
Seria essa a justificativa, certo?
Seria!
Mas, que alma, que corpo, que espírito e que consciência? Já não foram lançados ao chão por quem sofreu a agressão de um pedido de desculpa, de ter ouvido a verdade e da ingenuidade que uma honestidade traz consigo?
Devem, ambos, estar presos, mortos, sacrificados, de maneira piegas, ao lado do escombro que abriga a vítima, simplesmente esperando a sua vez que, fatalmente, não virá. Nunca acreditei que a melhor ética pudesse ser a autopreservação.