terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Extra! Extra!

Num jornalzinho:

[Na cidade de Finaqui, um fato inusitado chamou a atenção de moradores e autoridades. Alunos de uma escola da rede pública dissertaram sobre o tema “Violência”, durante a primeira semana de aula.
Tamanho foi o susto do professor ao se deparar com duas redações que o deixaram em uma situação embaraçosa.
O primeiro aluno (J.S.P.) escreveu o seguinte:
“A violência é um mal real em nossa sociedade. Deve-se fazer de tudo para tentar erradicá-la do nosso meio, pois, benefícios ela não traz algum... Durante as férias, minha família sofreu um forte golpe por conta dessa onda de maus-tratos evidentes em nossa cidade... E, então, meu tio estava voltando para casa em seu carro novo que, com tanto sacrifício, conseguiu comprá-lo quando, de repente, foi abordado por três sujeitos encapuzados que o forçaram a sair do carro e a entrar no porta-malas... e após quase três horas desaparecido, sem dar qualquer sinal de vida à sua família, ligaram do hospital pedindo que fossem até lá para preencherem os formulários de internação... e somente após dois dias meu tio pode voltar à sua vida normal... espera-se o dia em que as autoridades sintam-se na pele daqueles que sofrem com o problema da violência e ajam de forma exemplar com os infratores... em nome do bem-estar social.”
Em sua redação, o outro aluno (J.S.F.) expôs suas idéias da seguinte forma:
“Não há dúvidas de que a violência retrata bem o que seja nossa sociedade nos dias de hoje: um sistema falido e carente de justiça... a desigualdade social é o principal causador dessa desordem vivenciada... em nosso dia-a-dia... A classe pobre é sempre desfavorecida e discriminada. Há algumas semanas, três amigos meus foram acusados de terem roubado um carro quando, na verdade, não foram eles que roubaram... foram presos e lá estão até hoje... muito se vê, nos bairros pobres, crianças crescerem e acabarem por incorporar o “ilegal” como parte de sua vida, uma vez que é assim que sempre o verão, enquanto um membro da classe baixa... e clama-se, sim, por justiça em nossa sociedade... e é também necessário que os nossos comandantes usem do bom-senso para lidar com essas questões, sem tratar a classe baixa com indiferença e violência... eles devem tentar trazer a paz à nossa sociedade, mas com a seguinte pergunta sempre em mente: E se fosse meu filho o infrator, como eu o trataria?”
Ao ser questionado por nossa equipe de reportagem como foi resolvido o impasse, Ferdinando Donnateli Praxedes (o professor) foi categórico: “Cabe a mim fazer com que eles saiam da escola sabendo escrever um bom português”, arremata.]

Fiquei curioso e deveras indignado por não terem insistido em saber a nota dos dois alunos. “Êta, equipe de reportagem incompetente! Jornalistas assim é o que não faltam”. Mudei de página e fui saber das novas contratações do meu time.

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