sábado, 1 de dezembro de 2007

A Arte da Rotina Cartesiana

Pequena caixinha que tem um presente, um tesouro secreto e o riso da gente; leva pro fundo uma vida e, depois, eleva ao céu infinito nós dois.

Ela acordou e foi trabalhar.
Ela levou as crianças à aula.
Ela almoçou com uma amiga antiga.
Ela resolveu o problema do chefe.
Ela voltou mais cedo pra casa.
Ela pegou as crianças, de carro.
Ela resolveu passear com os meninos.
Ela comprou um vestido da moda.
Ela lanchou e brincou com os filhos.
Ela chegou quase às vinte horas em casa.
Ela resolveu ajudar o esposo.
Ela preparou um risoto pra todos.
Ela banhou-se e chamou o marido.
Ela resolveu que queria amá-lo.
Ela beijou-o e jurou-lhe paixão.
Ela sacudiu-o às seis da manhã.

Ele levantou-se com cara de bravo
E foi à cozinha tomar seu café
E pegou a maleta pra ir ao trabalho
E pagou as contas no banco lotado
E ligou pra esposa contando as saudades
E tentou almoçar com um amigo de infância
E mandou o empregado mais cedo pra casa
E ligou pros amigos no meio da tarde
E foi para o clube jogar futebol
E tomou um chopp com o esposo da nora
E contou pro irmão dos problemas de grana
E voltou para casa cansado do dia
E seguiu pro chuveiro com a roupa suada
E lembrou-se da luz da cozinha queimada
E esperou a esposa deitar-se
E sorriu com uma cara de quem quer algo mais.

Dormiram abraçados.
Casaram-se aos vinte,
tiveram três filhos,
formaram-se, os dois, em direito,
compraram uma casa,
viraram avós,
brincaram com os cinco netos,
ficaram a sós,
pra sempre, enfim!

Um comentário:

MAGNA CRUZ disse...

Hummm. Seria esse o enfim sós lá do início??
Eu já cansei só de ler... ai, ai...