Pegaram o aviãozinho, desmontaram e puseram dentro da caixa. A torre de rádio foi posta por debaixo dos panos que cobriam a televisão quatorze polegadas. O carrinho vermelho que custou os olhos da cara, mas foi o melhor presente do Natal passado, colocaram-no detrás do portão da casinha velha, aquela com a pintura fosca e empalidecida. Lógico que trocaram a casinha por uma mais nova; a velha, o caçula pegou pra ele. A lancha que ainda anda direitinho na água foi emprestada pro priminho e até hoje ele não devolveu. Deu vontade até de comprar uma outra, maior e mais cheia de botõezinhos pra brincar nos fins de semana. Mas, só podem no fim de semana, pois, dia de semana tem que estudar. Agora foi preciso comprar uma moto a mais, pra não criar qualquer sentimento de inveja ou de menos valia na família. A gangorra atual é feita sob medida e de madeira mais resistente, diferente da antiga que podia quebrar a qualquer momento. O fogãozinho que fazia comida de verdade, nem souberam dizer onde estava. Acham que foi dado de presente para quem precisava, também no Natal passado. As panelinhas ficaram demodê e já existem panelinhas mais bonitas que aquelas do aniversário. As bonequinhas e os bonecos precisaram de roupas novas e a mamãe cuidou de costurar uns panos mais vistosos e mais na moda. As antigas foram “doadas”, já que não tinham mais valor. Só a bola permanece a mesma. Está gasta, mas é de estimação. Muitos gols foram feitos com ela; e aqueles gols...Ah! Aqueles gols não têm preço.
- Papai, gente rica também brinca de casinha, né?
- Brinca, filho! Brinca! E enjoa de brincar, igualzinho a você!
- Papai, gente rica também brinca de casinha, né?
- Brinca, filho! Brinca! E enjoa de brincar, igualzinho a você!
2 comentários:
Apagou o comentário, assim mesmo continuo amando-te!
Que amor! Parabéns!
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