Resolvi jogar dentro do baú algumas peças. Resolvi, ainda, xeretar lá dentro e ver se há algo útil que escondi naqueles tempos. Eram tantas coisas pra jogar que resolvi começar esvaziando-o. Foi-se tudo, de uma só vez, ao chão. Virar o trambolho foi fácil. Não dá trabalho. Só meus trecos entenderiam a razão de tanto zelo. Se eles pudessem falar... Pensando bem, se pudessem falar perguntariam por que foram parar mofados lá no fundo. Eu fingiria que não escutei e manteria o sorriso tradutor de uma aparente saudade quase inerte. Eu forçaria, de verdade, manter o zelo que lutei pra que viesse à tona.
Uma a uma, todas me traziam presentes as vidas que ficaram só nas fotografias, as mesmas estáticas num desenho capturado no tempo.
Expor-me a tal reencontro não me fez cego. No entanto, não me fez ativo. Curioso! Pode um presente, que já naquela época era chamado de alegria, transformar-se numa mera reminiscência sépia, insossa?
Por qual motivo, então, eu quis jogar mais coisas dentro do baú antigo?
Através do baú, eu passava a dimensões que já vivi. Por meio dele, eu revivia as dimensões pelas quais passei.
Sendo essa minha desculpa para aumentar o peso do trambolho, lá pelas tantas tudo ficou misturado. Tudo eram presentes; tudo era passado.
Jogar tudo fora doía. Jogar tudo no baú pesava. E me emergia quase uma sensação odiosa de um espírito vivo-morto por não saber o que fazer ou perder tempo “selecionando” os momentos mais marcantes.
No final, preferi a dor ao peso e à quase morte. Optei por isso em virtude de um argumento não menos imposto que meu reencontro com o pó involucrado (feio assim, mesmo!): o mesmo tempo que açoita as lembranças na sua aparência e valores, pelo pecado do desuso, é o remédio e prêmio àquelas vidas que usam o seu passado como estopim de um futuro zeloso. E essas vidas não merecem o castigo de uma prisão.
Uma a uma, todas me traziam presentes as vidas que ficaram só nas fotografias, as mesmas estáticas num desenho capturado no tempo.
Expor-me a tal reencontro não me fez cego. No entanto, não me fez ativo. Curioso! Pode um presente, que já naquela época era chamado de alegria, transformar-se numa mera reminiscência sépia, insossa?
Por qual motivo, então, eu quis jogar mais coisas dentro do baú antigo?
Através do baú, eu passava a dimensões que já vivi. Por meio dele, eu revivia as dimensões pelas quais passei.
Sendo essa minha desculpa para aumentar o peso do trambolho, lá pelas tantas tudo ficou misturado. Tudo eram presentes; tudo era passado.
Jogar tudo fora doía. Jogar tudo no baú pesava. E me emergia quase uma sensação odiosa de um espírito vivo-morto por não saber o que fazer ou perder tempo “selecionando” os momentos mais marcantes.
No final, preferi a dor ao peso e à quase morte. Optei por isso em virtude de um argumento não menos imposto que meu reencontro com o pó involucrado (feio assim, mesmo!): o mesmo tempo que açoita as lembranças na sua aparência e valores, pelo pecado do desuso, é o remédio e prêmio àquelas vidas que usam o seu passado como estopim de um futuro zeloso. E essas vidas não merecem o castigo de uma prisão.
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