O livro que me deste? Não, ainda não o li. Vou até o meio, mais ou menos, e depois paro por um tempo. Tempo... metade... parecem incompatíveis mas complementares, não é verdade? Sempre me vem a vontade de lê-lo. Mas é preciso retomar o desejo do início, pois simplesmente esqueço. É! O tempo realmente faz isso com a gente, desde o começo. Parece um vício, não é? Parece pão. E água. Quem não precisa? Todos alimentam-se disso. Isso é vida! Vida, então... será um vício?
Por que não o li? Não sei dizer, ao certo. Talvez pelo vício que disse. Talvez por medo, ou por esperança. Medo de saber o final da história, assim como não sei o final da nossa. Pelo que li até agora, o mocinho guerreia inclusive contra ele mesmo. Será um livro a vida nossa? Medo... medo de não chegar ao final dela, a história. A história que me ofereceste e fechei ao chegar a metade, deixando somente a capa aparente.
Esperança? Sim. Por que não esperança? É nela que vislumbro um motivo. Ela também me alimenta. Ainda imagino o dia em que chegarei ao “... e viveram felizes para sempre”. Quem não imagina? E, nela, ainda acendo uma vela para podermos ler, juntos, o livro que me deste.
Por que fugi? Desculpa-me. Também não sei dizer. Trazia o medo comigo também naquele dia. Era agosto. Ou setembro? Se bem me lembro, tu irias e não mais voltarias. Irias para longe. Só ver-te-ia em meus pensamentos que com o tempo me deixam. Um médico disse que, por conta de uma pancada, minhas memórias , aos poucos, esvaiam-se. Mas, que raio de pancada foi essa de que não me lembro?
Por que não liguei? É. Eu sei. Não liguei, mesmo. Até hoje vivo arrependimentos. Li uma parte do livro em que o herói, ou melhor, o protagonista, perdeu um amor que nunca viu. Depois dizem do que só o amor constrói. Deve ele estar construindo até hoje uma escada até as nuvens para poder alcançá-lo. Isso deve torná-lo um herói, sem dúvidas. Herói manco! Manco das pernas, pois relutou em compartilhar seus sentimentos. E, agora, manco do coração, pois da alma do nobre: se não a usa, fica pobre. É isso que o tempo espreita. Neutro, mas implacável. Acredito que seja essa pobreza a mesma que me faz menos vívido. Desculpa-me se não liguei para...
O chá? Tu ainda te lembras disso? Achei que fosses esquecer. Sei que foste tu quem convidaste, mas só Deus sabe o quanto meus dedos tremiam nas teclas do telefone. Não paguei para ver e agora pago pelo que não vi... e ainda não vejo. Desejos transcendentes que nunca se alcançam!
Por quanto tempo esperaste junto ao telefone? Sem falsa modéstia mas, com pesares, imagino que alguns. Algumas também foram as vezes em que tentei, juro! Mas não soube ousar de um desejo que era puro. E, depois, a que brindaríamos aquele chá? A tua partida? Não. Não seria justo comigo. Não seria justo conosco. Talvez a tua felicidade. Isso, sim, talvez fosse uma página bonita dessa história. Mas, se me permites, seria esse teu final feliz? Perdoa-me se não liguei para...
Teu novo número? É verdade. Mais uma vez estás certa. Nem ao menos te procurei para saber teu novo telefone. Geralmente, também usa-se o telefone para matar as saudades; para saber como andam os queridos; e os não-queridos (por quê não?). O que acontece é que eu não queria matar nada a teu respeito, acho. Saudades. Que fossem elas um simples estímulo para poder procurar-te e suprir-me de teus olhares e sons. E, hoje, nem estes os tenho. Ainda me faltariam tato, olfato e sabor... Sandice pensar nisso tudo depois do que fiz. Do que deixei de fazer, melhor dizendo. Deus nunca oferece uma cruz de algodão a um gigante, nem de trevas a um grande amor. Devo estar carregando a minha de bom grado.
Perdão se não liguei, ... teu nome? Claro que me lembro! Nunca esqueceria! Mas, não me sinto à vontade em dizê-lo nessa carta. Não me deste e eu não soube usar do tempo para pedir-te a permissão de pronunciá-lo ou reproduzi-lo.
E é esta a razão pela qual estou escrevendo. Não sei onde estás. Nem sei se estás! Quem sabe os caminhos que esta carta irá correr até chegar a ti... se é que vai chegar! Não sei ainda se, sequer, vou mandá-la a algum canto. Porém, se resolver jogá-la ao céu e um dia ela pousar em teu colo, saberás quem eu sou (quero crer) e espero que me procures. Que me perdoes ou, senão, que digas que posso terminar o livro que me deste sem preocupar-me com um final feliz. Que eu não tenha medo de passar da metade. Que a vela que acendo em minhas esperanças não seja guardada e que a use da forma que bem entender. Que ela se desgaste até o dia em que não mais existir. Que o vício seja ler o livro inteiro, sozinho, e, não mais, somente a metade dele.
Meu telefone? Continua o mesmo, embora a cada dia, a cada minuto, corra-me o risco de trocá-lo.
Perdoa-me se não liguei para dizer que não iria ao chá a que me convidaste, pois não veria nele um motivo de alegria ou esperança de estar ao teu lado nos dias que o seguissem. Desculpa-me se não liguei para dizer que de todas as histórias que li, essa que me deste era a mais bonita e que não gostaria de chegar ao final dela, fechar o livro e enfeitá-la em minha estante, ao lado de outras que já nem lembro mais do enredo.
Por que não o li? Não sei dizer, ao certo. Talvez pelo vício que disse. Talvez por medo, ou por esperança. Medo de saber o final da história, assim como não sei o final da nossa. Pelo que li até agora, o mocinho guerreia inclusive contra ele mesmo. Será um livro a vida nossa? Medo... medo de não chegar ao final dela, a história. A história que me ofereceste e fechei ao chegar a metade, deixando somente a capa aparente.
Esperança? Sim. Por que não esperança? É nela que vislumbro um motivo. Ela também me alimenta. Ainda imagino o dia em que chegarei ao “... e viveram felizes para sempre”. Quem não imagina? E, nela, ainda acendo uma vela para podermos ler, juntos, o livro que me deste.
Por que fugi? Desculpa-me. Também não sei dizer. Trazia o medo comigo também naquele dia. Era agosto. Ou setembro? Se bem me lembro, tu irias e não mais voltarias. Irias para longe. Só ver-te-ia em meus pensamentos que com o tempo me deixam. Um médico disse que, por conta de uma pancada, minhas memórias , aos poucos, esvaiam-se. Mas, que raio de pancada foi essa de que não me lembro?
Por que não liguei? É. Eu sei. Não liguei, mesmo. Até hoje vivo arrependimentos. Li uma parte do livro em que o herói, ou melhor, o protagonista, perdeu um amor que nunca viu. Depois dizem do que só o amor constrói. Deve ele estar construindo até hoje uma escada até as nuvens para poder alcançá-lo. Isso deve torná-lo um herói, sem dúvidas. Herói manco! Manco das pernas, pois relutou em compartilhar seus sentimentos. E, agora, manco do coração, pois da alma do nobre: se não a usa, fica pobre. É isso que o tempo espreita. Neutro, mas implacável. Acredito que seja essa pobreza a mesma que me faz menos vívido. Desculpa-me se não liguei para...
O chá? Tu ainda te lembras disso? Achei que fosses esquecer. Sei que foste tu quem convidaste, mas só Deus sabe o quanto meus dedos tremiam nas teclas do telefone. Não paguei para ver e agora pago pelo que não vi... e ainda não vejo. Desejos transcendentes que nunca se alcançam!
Por quanto tempo esperaste junto ao telefone? Sem falsa modéstia mas, com pesares, imagino que alguns. Algumas também foram as vezes em que tentei, juro! Mas não soube ousar de um desejo que era puro. E, depois, a que brindaríamos aquele chá? A tua partida? Não. Não seria justo comigo. Não seria justo conosco. Talvez a tua felicidade. Isso, sim, talvez fosse uma página bonita dessa história. Mas, se me permites, seria esse teu final feliz? Perdoa-me se não liguei para...
Teu novo número? É verdade. Mais uma vez estás certa. Nem ao menos te procurei para saber teu novo telefone. Geralmente, também usa-se o telefone para matar as saudades; para saber como andam os queridos; e os não-queridos (por quê não?). O que acontece é que eu não queria matar nada a teu respeito, acho. Saudades. Que fossem elas um simples estímulo para poder procurar-te e suprir-me de teus olhares e sons. E, hoje, nem estes os tenho. Ainda me faltariam tato, olfato e sabor... Sandice pensar nisso tudo depois do que fiz. Do que deixei de fazer, melhor dizendo. Deus nunca oferece uma cruz de algodão a um gigante, nem de trevas a um grande amor. Devo estar carregando a minha de bom grado.
Perdão se não liguei, ... teu nome? Claro que me lembro! Nunca esqueceria! Mas, não me sinto à vontade em dizê-lo nessa carta. Não me deste e eu não soube usar do tempo para pedir-te a permissão de pronunciá-lo ou reproduzi-lo.
E é esta a razão pela qual estou escrevendo. Não sei onde estás. Nem sei se estás! Quem sabe os caminhos que esta carta irá correr até chegar a ti... se é que vai chegar! Não sei ainda se, sequer, vou mandá-la a algum canto. Porém, se resolver jogá-la ao céu e um dia ela pousar em teu colo, saberás quem eu sou (quero crer) e espero que me procures. Que me perdoes ou, senão, que digas que posso terminar o livro que me deste sem preocupar-me com um final feliz. Que eu não tenha medo de passar da metade. Que a vela que acendo em minhas esperanças não seja guardada e que a use da forma que bem entender. Que ela se desgaste até o dia em que não mais existir. Que o vício seja ler o livro inteiro, sozinho, e, não mais, somente a metade dele.
Meu telefone? Continua o mesmo, embora a cada dia, a cada minuto, corra-me o risco de trocá-lo.
Perdoa-me se não liguei para dizer que não iria ao chá a que me convidaste, pois não veria nele um motivo de alegria ou esperança de estar ao teu lado nos dias que o seguissem. Desculpa-me se não liguei para dizer que de todas as histórias que li, essa que me deste era a mais bonita e que não gostaria de chegar ao final dela, fechar o livro e enfeitá-la em minha estante, ao lado de outras que já nem lembro mais do enredo.
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