quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

Como Ler Um Poema?

Quantas formas diferentes
há de ser ler um poema?
Se digo que “te amo”
ou que amo você,
quem saberá distinguir
amor fraterno de amor eterno?
Quem libertará as diferenças iminentes?

Se peço para termos calma,
não entenda como um grito
ou ordem ao seu desespero.
Posso, apenas,
como um pretensioso amante,
querer afagar sua alma
ao me entregar por inteiro.

Quando digo: vá com Deus!
É claro que uma despedida se encaixa.
Mas, para sempre?
Por que mandá-la ao léu?
Lamento não possa ver meu sorriso,
cujas letras não desenham num papel.

Se rabisco um não
ou um não
ou um outro não,
quem traduzirá seus sons?

Se arrisco que quero,
que quero
ou que quero!,
como filtrará meus tons?

É que, se posso encantar quem me vê,
se posso enganar quem me lê,
mistério, atenção e beleza
podem ser alguns de meus dons.

E se se apela pro argumento do contexto
para dar forma ao que numa folha se mostra,
um monólogo seria o risco.
Será que assim me esqueceria?
Minha opinião... desconsideraria?

Talvez o maior segredo,
aquele que se pretende,
seja entender que somos dois:
Eu, você... a gente!
Saber que escrevo minha vida,
assim como respeito a sua,
que é só você quem vive;
é só você quem sente!

Sendo assim, diga-me,
como alguém que se rende,
como você nos lê?
Como você nos entende?

Nenhum comentário: