... e assim teve início um novo ciclo:
Maria e José. Testemunhas não faltavam àquele momento. Cúmplices de duas almas ainda mais cúmplices entre si, que ali entregavam-se às leis que não se podem ver; as mais sagradas e talvez as únicas que se possam conceber como tal. De joelhos. De mãos dadas. De costas para todos e à frente de todos. De frente e à mercê dos mandamentos e da presença espiritual a que se comprometiam carregar consigo para o resto de suas vidas. José era só sorrisos. Maria também, embora pudesse estar pensando em sua “vida”. Era assim que ela o chamava antes de conhecer José. Mas, ali estavam. Sinceros como sua fé poderia ser. Unidos e sem espaços, completos como uma aliança o é: o primeiro casamento.
Tão verdadeiro era João. Fruto da ex-desventura de Maria. Sério, fixo e quase imóvel. Talvez pensasse na estranheza e, ao mesmo tempo, na grandeza daquela cruz a ele oferecida: o primeiro pai.
Muitas primaveras, alguns invernos e três quartos de ano. Para João a resignação e, só então, a não dúvida do que ali a natureza fazia brotar. Para Maria e José a certeza: o primeiro filho.
Alguns anos se passaram e um dia receberam uma visita. Eram os padrinhos, ou testemunhas, de seu casamento. Também tinham uma filha. Por homenagem, também chamava-se Maria. Trouxeram uma lembrança ao Pedro, o filho do casal. Era um conjuntinho de médico com toda aquela aparelhagem que é vista em um consultório. Maria e Pedro brincavam ao canto da sala. Padrinhos e casal conversavam às gargalhadas que só a saudade é capaz de fazer renascer. E, detrás da cortina, um quase adolescente observava atento à cena que as duas crianças se preocupavam em ensaiar, num misto de inocência e instinto: o primeiro beijo.
As fraldas, então, foram abandonadas. Em seu lugar gírias, cigarros e ideologias. Maria e Pedro já completaram dezessete anos; quase dezoito. Em meio a sonatas e baladas destoantes, uma noite fez-se especial. Uma nova melodia ecoando pelos corpos. Uma transformação; uma mutação, na verdade. Todos os sentidos rendidos: o primeiro amor.
Naquele altar Pedro. Logo atrás Maria, José e João. Sentados, juntos e separados ao mesmo tempo. De corpo faziam-se presentes, mas, de espírito eram distintos. Cada um trazia o passado consigo àquela Igreja. Quantos mundos existiam naquele instante? A única certeza que tenho era a presença de Maria no mundo interno de Pedro. Fora e sempre será: seu único amor.
“Por onde será que ela anda?” – pensou Pedro.
De qualquer forma, não adiantava mais. Era tarde. O ciclo dela cessara para Pedro e para qualquer outro que ali estava. Foi-se. Fugiu ou simplesmente desistiu. E quem ficou tentou adequar-se a um plano sobressalente, assim como Pedro: seu segundo casamento.
Pedro também pensou em sua “vida”. Resolveu levá-la junto. Não desistiu e nem ajoelhou-se diante dela. Sem esforço, sem pressa... um sorriso e o choro: seu segundo filho.
Uma segunda chance de viver: assim quis Pedro. Assim o fez e viveu até o dia em que recebeu uma carta de seu irmão João, quando percebeu que talvez precisasse de um fôlego a mais.
Chegou pela manhã naquele quarto de hospital. Seu irmão o recebeu, conduzindo-o ao leito onde seu pai repousava. Era um dia de sol. Era primavera. Conversaram sobre todas suas vidas. Juntos. Riam e choravam. Sentiam-se unidos...para sempre.
Durante a noite, enquanto cochilavam, foram todos acordados por José ao mesmo instante. Todos em pé, rodeando a cama ouviram suas palavras; sua ode à vida: “sempre os terei em mim. Amo vocês!”
Deu seu último sorriso...
...e assim teve início um novo ciclo:
Maria... José...: completos como uma aliança o é.
Maria e José. Testemunhas não faltavam àquele momento. Cúmplices de duas almas ainda mais cúmplices entre si, que ali entregavam-se às leis que não se podem ver; as mais sagradas e talvez as únicas que se possam conceber como tal. De joelhos. De mãos dadas. De costas para todos e à frente de todos. De frente e à mercê dos mandamentos e da presença espiritual a que se comprometiam carregar consigo para o resto de suas vidas. José era só sorrisos. Maria também, embora pudesse estar pensando em sua “vida”. Era assim que ela o chamava antes de conhecer José. Mas, ali estavam. Sinceros como sua fé poderia ser. Unidos e sem espaços, completos como uma aliança o é: o primeiro casamento.
Tão verdadeiro era João. Fruto da ex-desventura de Maria. Sério, fixo e quase imóvel. Talvez pensasse na estranheza e, ao mesmo tempo, na grandeza daquela cruz a ele oferecida: o primeiro pai.
Muitas primaveras, alguns invernos e três quartos de ano. Para João a resignação e, só então, a não dúvida do que ali a natureza fazia brotar. Para Maria e José a certeza: o primeiro filho.
Alguns anos se passaram e um dia receberam uma visita. Eram os padrinhos, ou testemunhas, de seu casamento. Também tinham uma filha. Por homenagem, também chamava-se Maria. Trouxeram uma lembrança ao Pedro, o filho do casal. Era um conjuntinho de médico com toda aquela aparelhagem que é vista em um consultório. Maria e Pedro brincavam ao canto da sala. Padrinhos e casal conversavam às gargalhadas que só a saudade é capaz de fazer renascer. E, detrás da cortina, um quase adolescente observava atento à cena que as duas crianças se preocupavam em ensaiar, num misto de inocência e instinto: o primeiro beijo.
As fraldas, então, foram abandonadas. Em seu lugar gírias, cigarros e ideologias. Maria e Pedro já completaram dezessete anos; quase dezoito. Em meio a sonatas e baladas destoantes, uma noite fez-se especial. Uma nova melodia ecoando pelos corpos. Uma transformação; uma mutação, na verdade. Todos os sentidos rendidos: o primeiro amor.
Naquele altar Pedro. Logo atrás Maria, José e João. Sentados, juntos e separados ao mesmo tempo. De corpo faziam-se presentes, mas, de espírito eram distintos. Cada um trazia o passado consigo àquela Igreja. Quantos mundos existiam naquele instante? A única certeza que tenho era a presença de Maria no mundo interno de Pedro. Fora e sempre será: seu único amor.
“Por onde será que ela anda?” – pensou Pedro.
De qualquer forma, não adiantava mais. Era tarde. O ciclo dela cessara para Pedro e para qualquer outro que ali estava. Foi-se. Fugiu ou simplesmente desistiu. E quem ficou tentou adequar-se a um plano sobressalente, assim como Pedro: seu segundo casamento.
Pedro também pensou em sua “vida”. Resolveu levá-la junto. Não desistiu e nem ajoelhou-se diante dela. Sem esforço, sem pressa... um sorriso e o choro: seu segundo filho.
Uma segunda chance de viver: assim quis Pedro. Assim o fez e viveu até o dia em que recebeu uma carta de seu irmão João, quando percebeu que talvez precisasse de um fôlego a mais.
Chegou pela manhã naquele quarto de hospital. Seu irmão o recebeu, conduzindo-o ao leito onde seu pai repousava. Era um dia de sol. Era primavera. Conversaram sobre todas suas vidas. Juntos. Riam e choravam. Sentiam-se unidos...para sempre.
Durante a noite, enquanto cochilavam, foram todos acordados por José ao mesmo instante. Todos em pé, rodeando a cama ouviram suas palavras; sua ode à vida: “sempre os terei em mim. Amo vocês!”
Deu seu último sorriso...
...e assim teve início um novo ciclo:
Maria... José...: completos como uma aliança o é.
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