Ainda penso naquela nascente
lisonjeada, por certo, pelo que um dia fez:
na falha do ipê sorria, dormente,
em raios do sol (discreto e poente)
a pele de lua brilhante e cortês.
“Amor para sempre”: dissemos em jura.
Plantamos, crescemos. Raízes fizemos.
Em nome dos frutos vivemos tortura;
machados, fogueiras... Viramos moldura!
Mas, água e chão sempre em vida tivemos.
E um raio partiu nossa estrada em curvas.
“Sementes são tudo...” quem há de saber?
O rio dos corpos num dia de chuva
(que lava a pupila bem cinza, bem turva)
pode ser a sombra de um novo ipê.
Ainda penso naquela nascente
lisonjeada, por certo, pelo que um dia fez:
“Por que não te enterras ou ficas dormente,
torrente reduto de água demente?
Que fiques doente ou que morras de vez!”
sexta-feira, 5 de janeiro de 2007
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Um comentário:
Repito, esse é muito especial!
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